Os preços das commodities continuam caindo. O motivo? Os efeitos da temporada de produção já se refletem na cotação dos produtos.
Paralelamente, os principais demandantes, China e EUA, mostram leves sinais de deflação. Para o primeiro, um sinal de fraqueza econômica, para o segundo, uma indicação de cumprimento dos objetivos de controle da inflação.
Embora a evolução da oferta continue sendo o principal motor da variação dos preços (continua a tendência de queda após o início da temporada de produção), as principais novidades desta semana tiveram a ver com a evolução da economia dos principais consumidores globais de borracha.
Dados semelhantes, interpretações diferentes: o espelho da China e dos Estados Unidos
Os preços do látex (e em menor medida do TSR20) continuaram ajustando para baixo na última semana, mantendo a tendência gerada pela recuperação na produção.
Em relação à demanda, tanto a China quanto os Estados Unidos mostraram uma leve queda mensal nos preços. Mas, enquanto no primeiro caso isso é interpretado como uma fraqueza do consumo, no segundo é um prenúncio de que a redução das taxas está próxima. Enquanto isso, o mercado de fretes continua aquecido, atingindo recordes históricos de demanda.
China: menor consumo e expectativa pelo plenário do Partido Comunista
O índice de inflação da China registrou uma queda de 0,2% mensal (+0,2% anual) em junho, abaixo das expectativas. A deflação é um indício da fraqueza do consumo interno e também um desincentivo ao crescimento futuro. Algumas empresas estão compensando a queda de preços com cortes salariais. O escasso dinamismo da demanda da China tem sido um fator relevante que pressiona para baixo os preços da borracha natural.
Esta semana ocorre o terceiro plenário do Partido Comunista Chinês (geralmente são realizados sete plenários em cada período de cinco anos). Em geral, no terceiro plenário são anunciadas mudanças importantes na política econômica, o que gera certa expectativa. No entanto, nesta ocasião é pouco provável que sejam anunciados estímulos significativos. O foco estaria em uma maior intervenção estatal para impulsionar os setores ligados à tecnologia.
Estados Unidos: tudo aponta para uma redução das taxas
Uma redução nas taxas impulsionaria os preços das commodities por dois motivos: i) um menor custo do crédito tende a expandir a demanda global; ii) uma menor taxa implica um dólar mais fraco e maiores preços dos bens nominados nessa moeda.
O mercado costuma antecipar esses efeitos, por isso parte do impacto nas commodities foi observado após a publicação do dado de inflação.