Com a inflação mais controlada do que o esperado em julho e um mercado de trabalho começando a mostrar sinais de arrefecimento, tudo indica que o Federal Reserve retomará em setembro o caminho de cortes na taxa de juros. Essa expectativa gerou uma desvalorização de 1,2% no índice do dólar desde o fim de julho, o que impulsionou os preços das commodities. Uma taxa mais baixa não só barateia o financiamento e incentiva o investimento, como também eleva a demanda e melhora a competitividade das exportações norte-americanas, criando um cenário mais favorável para o mercado global.
Embora os estoques de borracha natural na China ainda estejam em níveis elevados, em agosto começaram a mostrar uma leve queda, segundo dados da Sunsirs. Essa tendência soma-se à força da demanda: em julho, as vendas de veículos cresceram 14,7% em relação ao ano anterior, em linha com o mês anterior. O dinamismo se mantém apesar da desaceleração nas vendas de carros particulares e do impacto das guerras de preços entre concessionárias, que geram incerteza. Por ora, o setor automotivo continua sendo o motor que sustenta o mercado da borracha, apoiando sua recuperação após a correção registrada no fim de julho.
A poucas horas de expirar a trégua inicial, o presidente Trump assinou uma ordem executiva que prorroga por 90 dias —até 10 de novembro— a entrada em vigor de um aumento de tarifas de 30% para 145% sobre importações chinesas. A decisão busca dar mais espaço às negociações, que haviam estagnado após avanços parciais obtidos em junho, em Londres. Na ocasião, a China havia se comprometido a facilitar exportações de terras raras, enquanto os EUA manteriam tarifas básicas. A nova extensão confirma que a vontade de ambas as partes é continuar o diálogo, e que no curto prazo o risco de medidas tão drásticas como as inicialmente anunciadas é baixo.
As tarifas de transporte marítimo mantêm sua tendência de queda em linha com a menor demanda por cargas internacionais. Segundo a Sea Intelligence, nos quatro primeiros meses do ano, as importações através dos 10 principais portos dos EUA cresceram 15,6% em relação ao ano anterior, impulsionadas pelo adiantamento de compras e pela acumulação de estoques diante dos riscos comerciais. No entanto, nos meses seguintes os volumes começaram a cair mais de 8% em termos anuais, evidenciando um ciclo de sobrerreação seguido por contração. Esse padrão já havia sido visto em outras fases de tensão comercial, mas a magnitude atual faz prever um impacto mais profundo nas tarifas de fretes para o restante do ano.
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