Semana tranquila para os preços da borracha e do látex, embora com um leve sentimento baixista originado pela fraca demanda da China. O gigante asiático implementou medidas de estímulo para contrabalançar um crescimento econômico abaixo das expectativas. A dúvida: essas medidas conseguirão impulsionar a demanda por borracha se aumentarem as vendas de veículos elétricos? Do outro lado do globo, nos Estados Unidos, a economia mostra solidez com um crescimento sustentado, indicando uma possível queda da inflação sem recessão.
PIB da China cresce abaixo das expectativas e o governo lança medidas de estímulo.
O PIB da China, principal consumidor mundial de borracha natural, cresceu 4,7% ano a ano no segundo trimestre do ano, abaixo das expectativas do mercado e até mesmo da meta de 5% imposta pelo governo. Para contrabalançar esse efeito, o governo lançou uma série de medidas de estímulo.
Em nível macro, destaca-se uma redução de 1% na taxa de juros, com a intenção de incentivar o consumo no investimento. Em nível micro, o subsídio para quem trocar seu carro a combustão por um veículo elétrico foi duplicado (agora ultrapassa pouco mais de USD 2.700).
Se a medida for eficaz para aumentar as vendas e a produção de veículos, pode impulsionar a demanda por pneus e, portanto, por borracha natural. Isso conseguiu compensar o impacto das más notícias econômicas nos preços.
Vendas de automóveis na China estagnam.
As vendas de automóveis na China caíram 6,9% ano a ano em junho. É verdade que houve uma certa melhora em relação ao total de veículos vendidos no mês anterior, mas, em geral, a tendência mostra que as vendas estão estagnadas em um nível bastante inferior ao do final do ano passado.
Isso configura um cenário de baixa expectativa de demanda por borracha natural, uma vez que o setor é o principal comprador. Se a tendência continuar, será um fator importante que pressionará os preços para baixo.
Em outras notícias da China, terminou o terceiro plenário do Partido Comunista. Em geral, não houve anúncios muito importantes, embora o comunicado oficial sugira que o foco será impulsionar o setor tecnológico e que haverá maior intervenção estatal. Sem clareza, não esperamos impactos nos preços das commodities.
Economia dos Estados Unidos continua avançando.
Recentemente, alertamos neste relatório sobre alguns indicadores de desaceleração da economia norte-americana. No entanto, o dado de crescimento do PIB do segundo trimestre voltou a surpreender pelo valor elevado (+2,8% ano a ano). Assim, os Estados Unidos podem estar alcançando o tão esperado "pouso suave". Ou seja, uma queda da inflação aos níveis desejados pelo Federal Reserve, mas sem gerar uma recessão.
Os transportadores esperam uma alta demanda durante a alta temporada de produção, o que faz com que reduzam suas previsões de "blank sailings" (cancelamentos de envios). Por outro lado, a capacidade de transporte continua aumentando, com uma previsão de crescimento de 1,5 milhões de TEUs anuais até 2027. Isso normalmente pressiona os preços para baixo, embora, neste caso, apenas compense parcialmente o aumento da demanda. No entanto, aumenta a possibilidade de uma queda abrupta dos preços entre 2025-26, se a crise do Mar Vermelho for resolvida.
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